segunda-feira, 22 de junho de 2009

Pós-moderno e o capitalismo global

A Universidade como lugar de conhecimento e cruzamento de saberes exerce um papel de fundamental importância na discussão da modernidade e de seus desdobramentos. O pós-moderno institui um novo modo de vivenciar a realidade, tanto em sua relação com a arte quanto com a política ou com a ciência e a história. O privilégio do indivíduo universal sobre o coletivo é um ponto de ruptura que começou a prevalecer nas sociedades tradicionais como forma de instituir políticas que se voltem para o global, para a quebra das fronteiras geográficas e ideológicas, para a propagação de uma economia de mercado que satisfaça a blocos de países (Euro, Nafta, Mercosul), em detrimento de blocos ideológicos fechados numa economia intestinal. As novas conquistas tecnológicas propiciaram a anulação do homem integral para o nascimento do homem fragmentado, preso ao seu cotidiano, repositório de um mercado que dita as regras do consumo, de caráter multinacional.
A massificação da arte e do conhecimento passam a ter a mesma lógica do consumo de bens. Surge, com isso, uma superação das contradições do homem para universalizá-lo na aldeia global. Nesse tempo pós-moderno, propala-se o fim da história, a morte da dialética, a expansão da arte como expressão do consumo, tal como refletia Walter Benjamin quando decretava o fim da aura em função da massificação da obra de arte. Fruto do capitalismo global, a arte de massa reflete a fragmentação da ideologia crítica da criação estética por meio da estética da reprodução em massa visando ao consumo. Quem primeiro reflete este papel é a arquitetura, que se apresenta com uma tendência chamada de “populismo estético”.
Como fenômeno devastador dos sistemas tradicionais de cultura, o pós-moderno atua na construção de uma cultura idealizada para um mundo tecnologicamente preparado para o mercado. O sub-gênero é valorizado como forma de popularizar a expressão artística. A literatura representante da cultura tradicional entra em confronto e decai frente ao suprimento destes novos paradigmas culturais, valorizados enquanto mercadorias voltadas para a absorção rápida. Surge com um vigor expressivo a cultura de massa com a sua fábrica de kitsch e de brega, respaldada pela era da informação urgente, do imediatismo e do pragmatismo da vida contemporânea. Não há tempo disponível para o deleite do objeto artístico, mas a urgência do consumo da arte-mercadoria.
A indústria cultural é uma das faces mais fortes deste pós-moderno industrial (pós-industrialismo) decorrente da “2ª Revolução Industrial”. Prefere-se o seriado à saga; o kitsch ao original; o brega social ao cultural artístico, enfim, o simulacro. O homem pós-moderno quer levar a sua pizza congelada do freezer ao microondas e destampar a sua latinha de cerveja multinacional para sentir o prazer de ser igual a qualquer homem civilizado em qualquer parte do planeta. O seu prazer é tecnológico, poupa-lhe o tempo. O tempo passa a representar o signo da economia. Não haverá mais espaço-tempo para a cozinha tradicional na mesa do homem global.
O mercado dita as regras de toda produção artística e da moda. Quem dá as regras é este monstrengo devorador de economias chamado capital especulativo internacional. A produção estética integrou-se à produção de mercadorias. Desta forma, a arte passa a integrar um sistema cultural onde o mercado produz um tipo de leitor-ouvinte-espectador-consumidor que são um só: o que vai definir a cor da lua no Século XXI.

Texto de Ricardo Prado

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